Afeto em Quarentena
- Nayara Ribeiro
- 17 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de mai. de 2020
Terça-feira, 17 de Março de 2020: O estado de São Paulo registrou a primeira morte por coronavírus no Brasil. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde. O paciente era homem, 62 anos e tinha um histórico de diabetes e hipertensão. A vítima está sendo tratada como caso de transmissão comunitária do vírus, pois não possui antecedentes de viagem para áreas afetadas.
2020 começou com tudo! Desde rumores de uma terceira guerra ao contágio da água em regiões do sudeste até a pandemia que veio do Oriente para o mundo: tudo isso e ainda é Março.
O COVID-19, popularmente conhecido como novo coronavírus, até o momento não assusta tantos lares, apesar de já promover escassez do álcool em gel em farmácias e supermercados. No entanto, é certo que ainda não conseguimos visualizar ou mensurar a dimensão do vírus em nosso cotidiano. Talvez nos pareça distante a gravidade do vírus, mas observando seus impactos no planeta é impossível não assustar. Estamos falando de um vírus que não parou apenas uma nação, mas colocou o mundo em quarentena.
Em tempos de Big Brother quem diria que os maiores confinados seriam os espectadores do outro lado das câmeras?! Mas assim como em 1984, livro escrito pelo jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell, o ‘Grande Irmão’ está em telas. E hoje podemos apontar que o nosso Big Brother é voluntário, somos vigiados e vigiamos através das tecnologias. O curioso é pensar que o maior problema da atualidade não pode ser visto ou fotografado à olho nu. Está no ar, no prolongado riso, no abraço e no aperto de mão. É invisível, mas infalível. E então descobrimos que para controlar tal agente nocivo vamos precisar desacelerar, desmarcar festas, cortejos e compromissos; praticar o isolamento, higienização frequente das mãos e manter um contato físico quase inexistente.

Os tempos modernos nos distanciam do afeto. E se antes a desculpa era ‘a correria do dia a dia’, hoje o que nos distancia é a impossibilidade do contato. O abraço à um velho amigo outra vez fica para depois, o cumprimento segue sendo um emoji, figurinha, texto ou saudação no WhatsApp: e assim seguimos com o afeto em tempos de exílio. O carinho e cuidado, o afeto, o ‘olho no olho’ novamente deixados 'para depois'.

No momento, não existe outra saída: o contato físico, o ‘olho no olho’ realmente DEVEM ESPERAR.
Parece irônico ou uma peça que o destino nos reservou: quando estamos acelerados, imersos em nossas rotinas, culpamos a falta de tempo pelos desencontros.
Quando o mundo vira de ponta-cabeça, precisamos desacelerar. Então a falta de tempo não é mais um problema, nos deparamos então, com o excesso dele. E o que fazer com tanto tempo se não podemos dividi-lo com quem amamos?
Desejo que quando nos recuperarmos da pandemia, da crise e dos desafios, estejamos prontos para não deixar os encontros, o carinho, as conversas, os beijos e abraços para depois.
Que não deixemos os sorrisos, risadas e sonhos para um futuro distante. Que a gente não abandone a nossa essência em detrimento de um futuro que só pode chegar se vivermos o AGORA. Portanto, cuide-se, proteja-se, viva: e que o afeto não deixe de ser o seu principal combustível.
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