Burnout: O mal do século?
- Nayara Ribeiro
- 1 de jul. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 19 de ago. de 2022
Vídeos de 15 segundos, áudios acelerados: a era do IMEDIATISMO, queremos tudo e queremos ‘pra ontem.’ O que acontece quando o preço do sucesso é a nossa saúde mental?

Cansaço, irritabilidade, alterações repentinas de humor, desânimo, isolamento social, falta de foco, negatividade… esses são alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout.
Mas afinal, o que é Burnout?
Do inglês, "burn" quer dizer queima e "out" exterior. Seria algo como “tostar o cérebro”, isso porque a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional resultante de situações de trabalho desgastantes.
Em geral, ocorre em ambientes que demandam alta competitividade ou intensa responsabilidade. As principais causas da patologia são: o excesso de trabalho, a autocobrança, a pressão, o receio de encarar obstáculos profissionais e a insegurança.
Por vezes, a pessoa pode pensar que não possui capacidade suficiente para cumprir algum desafio ou realizar algum objetivo, e assim, acaba produzindo mais cortisol, estresse e sensações danosas para o seu corpo e para a sua mente, chegando ao esgotamento físico e mental.
O Burnout pode resultar em estado de depressão profunda, por isso, é essencial buscar ajuda logo nos primeiros sintomas da doença. Pensando nesta questão, conversei com a psicóloga Amanda Tosta da @terapizeoficial, que nos ajuda a identificar os principais sintomas da síndrome; além de trazer dicas essenciais para construirmos um ambiente de trabalho cada vez mais saudável.
Burnout: um reflexo de nossa Sociedade?
Amanda destaca que este ano (2022), a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o Burnout ligado ao trabalho, na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Assim, a Síndrome passou a ser uma das “novas” patologias associadas ao estresse crônico resultante do modo de vida acelerado do século XXI.
“Vivemos a era do imediatismo”, destaca a psicóloga.
Questiono a especialista, se a pandemia gerou o aumento ou intensificou os casos de Burnout. A psicóloga afirma que sim, afinal, para muitas pessoas a relação ´casa X trabalho’ tornou-se uma coisa só, UMA UNIDADE.
Burnout, Sociedade e Pandemia

Há quase 3 anos a nossa rotina mudou, o trabalho invadiu o sagrado de nossos lares, as interações sociais diminuíram, o tempo de tela aumentou.
Resolver problemas do escritório aos finais de semana e após o horário comercial passou a ser normal.
A necessidade de lidar com o medo de uma pandemia, agravada a autocobrança de uma produtividade aliada às comparações geraram altos níveis de estresse.
Quem lembra da ‘era das lives’?
Começaram a surgir competições de quem fazia mais lives e quem acompanhava o maior número destes conteúdos. O desejo de ‘otimizar’ o ‘tempo livre’ para treinar em casa, aprender inglês, francês, desenvolver técnicas culinárias… é ótimo. Mas o que acontece é que para muitos, não era meramente um tempo livre, na verdade, era o tempo que se gastava com deslocamento até o escritório, levar os filhos ao colégio ou aprontar-se para uma reunião.
Destinar parte deste ‘tempo livre’ para realizar outra atividade é bacana? Claro! Mas e o seu sono? E o seu momento de descanso? Ele cabe na sua rotina?
Saúde Emocional X Pandemia
A pandemia teve diversos níveis: primeiro a esperança de dias melhores, depois uma oportunidade de pausa; após um breve momento de ‘pausa’/férias, surge a necessidade do ócio produtivo, instalando-se a era das lives e cursos gratuitos. Após essa fase, ficamos em uma corda bamba: retornamos ao presencial, o número de casos aumentou e precisamos nos recolher em casa.
No meio desse caos, surgem os sintomas emocionais de todos esses transtornos.
A tentativa (muitas vezes falha) de equilibrar a vida pessoal com a vida profissional (ambas a partir de telas). A jornada dupla, tripla em casa, principalmente ao pensarmos em mulheres, que são mães e não possuem uma rede de apoio.
Jornadas que já são intensas e exaustivas, e que na pandemia, tornaram-se impraticáveis.
Os nossos níveis de estresse definitivamente subiram.
E se de um lado temos pessoas tentando equilibrar a vida pessoal com a vida profissional, de outro, temos a aceleração do mundo. É fato que a pandemia acelerou o hábito de consumo e naturalizou a nossa relação com a tecnologia; mas será que a nossa mente estava preparada para este salto?

Vídeos de 15 segundos, áudios na velocidade 2x, excesso de informações. Nós estamos vivendo a era do IMEDIATISMO, são tempos modernos: a gente quer tudo e quer ‘pra ontem.’
A psicóloga afirma:“Os jovens querem cada vez mais as coisas ´prontas´, a informação precisa ser concisa. Hoje em dia temos um grande volume de informação, mas cada vez mais é uma ´informação miojo´, uma informação instantânea.”
O Burnout é um reflexo da nossa sociedade, é um reflexo do nosso imediatismo.
Como evitar o Burnout?

E se a sociedade atual contribui tanto para o nosso esgotamento profissional, como podemos nos proteger, para que esse adoecimento não nos atinja?
A especialista aponta algumas práticas, dentre elas um destaque: o equilíbrio, pautado na importância de possuirmos uma rotina ativa que inclui responsabilidades, mas também inclui lazer.
Defina prioridades!
É essencial definir prioridades no trabalho e na vida pessoal.
Mas como estabelecer prioridades de maneira assertiva?
A psicóloga indica um interessante método de organização: a Matriz de Eisenhower, uma ferramenta que facilita (e muito) a nossa vida.
A Matriz de Eisenhower divide as nossas tarefas em 4 quadrantes; o que é importante e urgente; o que é importante, mas não é urgente. O que é urgente, mas não é importante, ou seja, tarefas que você pode delegar.
E por fim, existe o que não é urgente e não é importante: como ir ao cinema em um dia de semana, por exemplo.

“Definir as suas prioridades ajuda você a identificar a relevância de cada demanda, equilibrando a sua rotina sem gerar desgastes." Amanda Tosta, psicóloga @terapizeoficial
A especialista completa: "Pense: o que o meu trabalho exige de mim? Quais são as minhas demandas? Eu realmente não estou dando conta ou eu quero abraçar o mundo? Posso delegar tarefas? Esses questionamentos ajudarão você a organizar a sua rotina.”, conclui.
Flexibilize a sua rotina!
Ainda sobre organização, um ambiente de trabalho bem organizado é fundamental.
Se você trabalha fora de casa, mantenha a sua mesa bem disposta, isso ajudará você a enxergar as tarefas mais nitidamente. Um espaço desorganizado contribui para procrastinação e consequentemente, aumento dos níveis de estresse.
Para quem trabalha em casa a psicóloga pontua: “Tente trabalhar em outro ambiente. Caso não seja possível, procure fazer pausas, o método Pomodoro pode ser útil, ele é mais utilizado para estudos, mas também pode funcionar no trabalho.”
Além das pausas, a terapeuta destaca que principalmente para quem trabalha no mesmo ambiente onde dorme, sair após a conclusão das tarefas para caminhar, fazer algo prazeroso é essencial para que a rotina não te sufoque.
Saiba dizer não!
Flexibilizar a rotina é fundamental, assim como estabelecer limites. Existem diversos casos de pessoas que chegam ao ápice do esgotamento profissional, por não delegar tarefas e por abraçar responsabilidades que não são suas.
A psicóloga enfatiza a importância do autoconhecimento e do autorrespeito, estabelecendo limites e praticando o não!
Desacelere!
Outra dica valiosa é a Meditação. Será que meditação é não pensar em nada?
Meditação é foco, é direcionar os seus pensamentos para os objetivos que você almeja. É desacelerar e entender que fazer uma pausa, ter um momento para você, não é um erro, não é uma culpa: é merecimento; é oportunidade de evolução.
Movimente-se!
E para aqueles que confundem meditação com ficar parado, saiba que estão muito enganados. Yoga faz parte do Mindfullness e pode ser uma atividade extremamente prazerosa, que vai te auxiliar a liberar o estresse.
Outras atividades como correr, caminhar, lutas, também são essenciais para manter o equilíbrio entre corpo e mente.
Encontre a prática que faz mais sentido para o seu dia-a-dia e mergulhe nela.
Atividade física e hábitos saudáveis em alimentação não são questões puramente estéticas, também estão relacionadas com a saúde da nossa mente. Defina horários, tente cozinhar, preste atenção no cheiro e no sabor de cada alimento: coma sem pressa e coma sem culpa.
Faça Terapia
Por último, mas não menos importante: terapia!
A terapia ajuda você a compreender suas emoções e sentimentos. Lembra que uma das principais causas do Burnout é a autocobrança?
A patologia está relacionada com ambientes onde existe alta competitividade, pressão e todo esse complexo pode gerar certo receio de encarar obstáculos profissionais e até mesmo muita insegurança. A terapia ajudará você a compreender estes sentimentos e lidar de maneira assertiva com a situação: entendendo cada desafio e trabalhando de forma inteligente para vencê-los.
Na Terapize, você encontra sessões a partir de R$50,00, são mais de 200 psicólogos cadastrados e vários deles oferecem sessão experimental com desconto, podendo chegar até 100%OFF, disponibilizando a primeira sessão grátis.
Sensacional, não é mesmo?
Cuide do seu corpo, da sua mente; cuide da sua saúde!
Mergulhe em hábitos prazerosos, organize-se, tenha hobbies, faça viagens, esteja presente para você no aqui e no agora. Afinal, existem muitas tarefas que você pode delegar, mas a sua felicidade não é uma delas!
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